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quarta-feira, 12 de abril de 2017

Quarta-feira Santa - Procissão do Encontro



Uma celebração litúrgica de muita piedade, que o povo católico muito aprecia durante a Semana Santa, é a Procissão do Encontro, um momento que marca o encontro da Virgem Maria com Seu Filho Divino, carregando a cruz no caminho do Calvário, pelas ruas de Jerusalém, depois de ser flagelado, coroado de espinhos e condenado à morte por Pilatos. É um momento em que meditamos o doloroso encontro da Virgem Maria com Jesus; é um momento de profunda reflexão sobre as dores da Mãe de Jesus, desde o Seu nascimento até a Sua morte na cruz. Jesus sofreu a Paixão; a Virgem sofreu a compaixão por nós.
A “espada de Simeão”, que não saíra da mente de Jesus durante 30 anos de Sua vida, apresentava-se cada vez mais ameaçadora diante de Maria. Não é difícil imaginar o quanto Nossa Senhora sofreu ao ver seu Filho ser perseguido, odiado, jurado de morte pelos anciãos e doutores da Lei que o invejavam. Quantas ciladas Lhe armavam! Quantas disputas Ele teve de travar com os mestres da Lei.
E eis que a Paixão do Senhor se torna presente. Todo ano, ela ia a Jerusalém para a festa da Páscoa judaica, e também naquele ano da morte do seu Amado, ela ali estava.
Podemos imaginar a dor do coração de Maria ao saber da traição de Judas, do abandono dos discípulos no Horto das Oliveiras, a negação de Pedro e, depois, Sua prisão e maus tratos nas mãos dos soldados do sumo sacerdote. Certamente, naquela noite santa e terrível, em que Ele, “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1), Maria foi informada pelos discípulos que abandonaram o Mestre e fugiram na noite.
Fico pensando na dor de Maria ao saber da tríplice negação de Pedro, o escolhido do Senhor, e de tudo o mais que Seu Filho divino estaria passando nas mãos dos soldados naquela noite. Ela sabia que o Sumo Sacerdote e os doutores a lei estavam ansiosos para pôr as mãos n’Ele. São Lucas narra com riqueza de detalhes os fatos:
“Entretanto, os homens que guardavam Jesus escarneciam dele e davam-lhe bofetadas. Cobriam-lhe o rosto e diziam: Adivinha quem te bateu!” (Lc 22,63-64).

Que Mãe suportaria ver seu Filho sofrer tanto assim?

Na manhã do dia seguinte, sabia que seu Filho era colocado diante de Pilatos, que o mandou flagelar até o sangue escorrer de Suas chagas, e ainda coroado com uma coroa de espinho, dolorosa e humilhante. Que Mãe suportaria ver seu Filho sofrer tanto assim? Que dor Maria não sentiu ao saber, ou quem sabe até ao ouvir, o povo insuflado pelos doutores da Lei gritando a Pilatos: “Crucifica-o! crucifica-o!”? Como deve ter sofrido ao ouvir o povo gritar!
“Todo o povo gritou a uma voz: ‘À morte com este, e solta-nos Barrabás’. Pilatos, porém, querendo soltar Jesus, falou-lhes de novo, mas eles vociferavam: ‘Crucifica-o! Crucifica-o!’. Pilatos pronunciou então a sentença que lhes satisfazia o desejo” (Lc 23,18-24).
Pilatos tinha sentimento humano para com Jesus; tivesse ele vencido sua covardia, talvez o teria salvo do furor da multidão. Maria aceitou tudo aquilo, não se revoltou naquela hora tremenda, que decide a vida ou a morte de seu Filho. Ela sabe que o Filho podia por si, sem auxílio alheio, livrar-se de Seus inimigos, mas se se deixou como um cordeiro levar ao suplício, é porque o fez espontaneamente, cumprindo a vontade de Deus.
Maria foi ao encontro de Jesus que, carregado do peso da cruz, encaminha-se para o Calvário. Ela o vê todo desfigurado e entregue, coberto de mil feridas e horrivelmente ensanguentado. Seus olhares se cruzam. Nenhuma queixa sai de sua boca, porque as maiores dores Deus lhe reservou para a salvação do mundo. Aquelas duas almas, heroicamente generosas, continuam juntas no seu caminho do sofrimento, até o lugar do suplício.
Certamente, Maria O acompanhou no caminho do Calvário, onde ela viu seu Amado carregar a cruz de nossos pecados, todo chagado, ferido, coroado de espinhos, destruído. Certamente, ela se lembrou da espada de Simeão e das palavras de Isaías que conhecia tão bem, tendo-a ouvido na sinagoga de Nazaré:
“Era desprezado, a escória da humanidade, homem das dores, experimentado nos sofrimentos; como aqueles, diante dos quais se cobre o rosto, era amaldiçoado e não fazíamos caso dele.
Em verdade, Ele tomou sobre si nossas enfermidades e carregou os nossos sofrimentos; e nós o reputamos como um castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas ele foi castigado por nossos crimes e esmagado por nossas iniquidades. O castigo que nos salva pesou sobre Ele; fomos curados graças às Suas chagas. Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, seguíamos cada qual nosso caminho. O Senhor fazia recair sobre ele o castigo das faltas de todos nós. Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador. (Ele não abriu a boca.) Por um iníquo julgamento foi arrebatado. Quem pensou em defender sua causa, quando foi suprimido da terra dos vivos, morto pelo pecado de meu povo? Foi-lhe dada sepultura ao lado de facínoras e ao morrer achava-se entre malfeitores, se bem que não haja cometido injustiça alguma, e em sua boca nunca tenha havido mentira. Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a vontade do Senhor será por ele realizada. Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniquidades. Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados” (Is 53,3-12).
Não há dor semelhante a essa de Nossa Senhora, desde quando se encontrou com seu divino Filho no caminho do Calvário, carregando a pesada cruz e insultado como se fosse um criminoso. A aceitação da vontade do Altíssimo sempre foi a sua força em horas tão cruéis como essa.

Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/quaresma/o-significado-da-procissao-do-encontro/

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